“Shrek para Sempre” e “Cela 211”: capítulo final da animação da DreamWorks e uma coprodução franco-espanhola

Shrek Para Sempre O Capítulo Final

Em um passado não muito distante, Shrek (voz de Mike Myers), o ogro verde, só se metia em aventuras das mais inimagináveis. Hoje, casado com Fiona (Cameron Diaz) e pai de três filhos pequenos, vive entediado com a rotina de sempre: acordar cedo, cuidar da casa e da prole e dormir.

A fim de recuperar a liberdade que antes dominava seu ser, bem como o espírito aventureiro, firma um pacto com o duende Rumpelstiltiskin (Walt Dohrm). Shrek então é transposto para o Novo Reino de Tão, Tão Distante, onde enfrentará uma série de perigos para salvar sua esposa e seus dois melhores amigos, o Burro (Eddie Murphy) e o Gato de Botas (Antonio Banderas).

Lançado como a última parte da quadrilogia de “Shrek”, esse ‘capítulo final’ é melhor que o anterior, que foi o mais fraquinho e banal (nem tem história, lembram? Era apenas uma sucessão de peripécias do ogro e sua turma). Vale lembrar que a franquia “Shrek”, mantida pela DreamWorks, deu certo nos dois filmes iniciais (o primeiro até ganhou o Oscar de animação, e a continuação foi indicada a dois prêmios da Academia), originando inclusive seriado e curtasmetragens. Com o descompasso da terceira parte, os produtores resolveram encerrar a cinessérie antes de um novo naufrágio.

Colocam, agora, o protagonista numa crise existencial das bravas; por ser pai, tem de cuidar da casa e está infeliz por não viver mais as aventuras do passado. Encontra a chance de ouro de ver tudo se transformar quando assina um contrato com um misterioso duende. A partir daí Shrek, levado ao antigo reino, agora em versão atualizada (e mais dark, com bruxas medonhas e monstros horrorosos), enfrentará uma série de eventos malucos para resgatar os amigos aprisionados naquela terra.

O grande vilão do desenho é o maquiavélico duende Rumpelstiltiskin, que veste uma peruca vermelha invocada. O nome, de difícil pronúncia (que vem do alemão), refere-se ao velho conto de fadas dos Irmãos Grimm, que era justamente o nome do duende/mago antagonista das fábulas escritas pela dupla. Aliás, todos os “Shrek” são repletos de referências musicais, literárias e cinematográficas. Os mais antenados já sacaram isto, e por isso seja mais fácil rir de algumas piadas ou entender certas passagens.

Nesse capítulo, as brincadeiras são repetidas, pois já conhecemos os personagens há tempos, e voltam a usar músicas antigas ao longo do filme (‘One LoveeTop of the World’, por exemplo). Sem muito de original, cumpre o papel: diverte, entretém, faz rir em alguns momentos e tem ação na medida certa. É o que as crianças e os adolescentes (o público maior) querem e esperam. Até onde sabemos Shrek termina seu legado aqui. É esperar para ver.

Shrek Para SempreO capítulo final” (“Shrek Forever After” – EUA201093’) Direção: Mike Mitchell   Com: Mike Myers, Cameron Diaz, Antonio Baderas, Eddie Murphy, Walt Dohrm e Julie Andrews, entre outros.   Blu-ray: Menu interativo Seleção de cenas Seleção de idiomas Seleção de legendas Tela: Widescreen Anamórfico (2.351) Áudio: True HD (7.1) Idioma: inglês, português, espanhol e francês Legendas: português, inglês, espanhol e francês   Extras: Comentários dos CineastasCantinho do AnimadorQuarta Jornada Interativa de ShrekHolofote no ShrekSegredos deShrek para Sempre” – Cenas InéditasConversa com o ElencoA Tecnologia deShrek para Sempre” – Fazendo Barulho com Shrek: Shrek, o MusicalTrailers   Distribuição: Paramount Home Entertainment

 

Cela 211

Dois homens estão em lados opostos durante uma rebelião numa prisão de segurança máxima. Juan Oliver (Alberto Ammann), no primeiro dia de trabalho na cadeia, envolve-se em um acidente e é enjaulado na cela 211. Enquanto espera por socorro, o perigoso bandido Malamadre (Luis Tosar), em outra cela, organiza um motim sem precedentes. Juan vira refém, e para se salvar, finge ser um dos prisioneiros, auxiliando Malamadre e os comparsas na fuga. Mas uma série de fatos inesperados transformará aquele local em um barril de pólvora. “Cela 211” pode ser classificado como o “Carandiru” (2003) espanhol.

Com produção modesta, o drama centraliza a trama numa situação complexa comumente vista no Brasil: a rebelião de presos. Quais motivos levam um grupo de bandidos a se revoltar contra o sistema penitenciário (e o sistema em geral)? É a proposta desse filme tenso, que procura responder a pergunta pelo ponto de vista das ‘vítimas’ (os enjaulados).

O roteiro traça a trajetória de poucos dias tanto dos presos quanto da polícia no meio de um motim carcerário sangrento, com inúmeros reféns. Os dois homens centrais enfurnados naquele caos se posicionam em lados divergentes (um é funcionário da cadeia, o outro, um bandido destemido), que, sem a quem recorrer, levantam a mesma bandeira e topam trabalhar juntos pela mesma causa, ou seja, concretizar a fuga.

Bastante digno, não é um filme fácil de se assistir. Isto porque o diretor Daniel Monzón tem mão pesada, tornando a fita séria, crua e violenta (a sequência do suicídio na abertura, em um quase closeup, causa aflição), indo diretamente no ponto que mexe no cacho de abelhas fumegantes. Por ser intimista ao esmiuçar a mente dos prisioneiros e seus planos de fuga, aprofunda-se em questões que sempre incomodaram os diversos setores da sociedade, desde a política até a educação. Responde sim a velhas perguntas, perturba o público e traz um final sem compaixão.

Por ser um projeto de tamanha importância (e novidade como produção francoespanhola), é aconselhado para todos – mas vá preparado, pois não se digere um filme desse grau em poucas horas.

Premiado em festivais de cinema no mundo todo, ganhou oito das 16 indicações ao Goya, o Oscar do cinema espanhol, dentre eles melhor filme, diretor e ator (Luís Tosar).

Cela 211” (“Celda 211” – Espanha/França2009103’) Direção: Daniel Monzón Com: Luis Tosar, Alberto Ammam, Antonio Resines, Manuel Móron, Carlos Bardem, Marta Etura, Luis Zahera, Fernando Soto e Vicente Romero, entre outros   DVD: Menu interativoSeleção de cenas Seleção de idiomas Tela: Letterbox Áudio: Dolby Digital (5.1 e 2.0) Idiomas: inglês e português Legenda: português Extras: Ficha Técnica Trailers    Distribuição: California Filmes

(21/01/2011)

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